Eu me lembro exatamente do dia em que eu me descobri tricolor...
Era 1990 e sei lá quando, mas a pressão em casa era grande. Minha irmã e minha mãe são corinthianas, meu pai palmeirense doente, mancha verde até o último fio de cabelo.
Certo dia, um primo do meu pai foi em casa para assistir um jogo com ele. O Marcelo usava uma camiseta tão linda, com três cores vívidas: vermelho, branco e preto. Eu me encantei. Fiquei o tempo todo perto deles, vibrando com o jogo na TV, sem me importar com a derrota que naquele dia sofremos...
Quando ele foi embora, cheguei pra minha mãe e disse "eu sou São Paulo, mãe! Eu quero ser são paulina!" E ela não levou fé, achou que eu fosse virar a casaca conforme o tempo passasse...
O Marcelo morreu em 1998 durante um assalto, mas alguns meses antes tinha prometido me levar ao estádio pra gente ver o "nosso tricolor", como ele dizia. Isso nunca aconteceu...
Hoje, cada vez que eu vou ao Morumbi eu sinto uma emoção diferente. Ontem, ver aquela multidão cantando, vibrando e incentivando o time foi um dos melhores momentos que eu já vivi. O time não correspondeu, é verdade. Mas o São Paulo já me deu tantas alegrias que o mínimo que eu podia fazer era pular e cantar independentemente de ser eliminado por qualquer um.
Quem tem amor na vida, tem sorte. E eu sou tricolor, de coração e alma. Porque ter um time é muito diferente de ser torcedor...E poucos realmente sabem o que eu digo.